Dos meus mais sinceros sentimentos. Da minha reverência ao” outro”. Aquele que chora. Aquele que sofre. Aquele oprimido. Aos que não tiveram chances nem de saber o que eram ou poderiam ser e jogados ao mar, em navios negreiros sem nem sentir o que era esperança.
Dos grunhidos seus. Das dores tuas. Do amor a vida. Da misericórdia. Do belo. Da arte. Do detalhe. Do som. Da melodia. Do vibrato que como um estado de graça nos permite o sentimento maior da nobreza dos sentimentos.
Estas estações minhas, estes meus mais misteres. Das dores minhas, das ingenuidades minhas, das purezas minhas. Dos meus mais profundos quereres. Dos meus não mais quereres.
Dos meus gestos furtivos em relação as mais discretas observações sem ser visto. Sem querer ser percebido, ausente. Nos silêncios meus. Mas presente por momentos.
De tudo o que já me apavora a alma. Do que me tolhe a paz. Seria a imagem desses navios negreiros. Sem lá estar. Sem ouvir. Sem sentir. Apenas em saber que dessas legiões esses meus irmãos eram jogados ao mar para que os traficantes se livrassem deles, permite-me ainda sentir, mesmo após todos esses anos, a dor e o desespero.
Tom Capella
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