sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Despedidas

A viagem pelos abismos pessoais nos vales escuros frios, nem tristes, nem alegres.. apenas vazios.. por vezes é caminho seguro. Mesmo que o coração aperte e tente desviar a meta traçada pelo compasso frio da razão, faz mister que se mantenha o foco.
E para se manter o foco por vezes perdemos relacionamentos no meio do caminho.. deixamos por vezes de dar abraços.. entre outras fazemos loucuras menores, em virar um país para resgatar algo que ficou para trás.
A dor que invade por vezes a essência da alma, já vazia, sopra com o vento nos sonhos noturnos, quando a alma liberta-se.
O cantar dos pássaros com certeza terá o seu dia especial na chegada de um cabano que retorna às suas origens mas que um dia foi rei.
Um dia vôou, um dia se fez mágico, especial, apaixonante e apaixonado, sensível, puro, ingênuo.. vozes.. perfumes.. um lenço no chão, um palco vazio, uma luz azul.. assim a melancolia se fez personagem verdadeiro no coração de alguém que soltou o lenço.
Ontem ví as paredes da Igreja de São Francisco, e maravilhado que fiquei em ver o show de luzes reluzindo junto ao ouro, mas como se voltasse no tempo, tentasse ouvir os murmurinhos dos habitantes da época, em seus sonhos, pesadelos, alegrias e esperanças..
Estive sozinho, perdido, em uma ilusão que me fez procurar um oásis na escuridão.. necessário por vezes ficar longe do mundo.. mesmo interagindo com ele, e misturado à multidão.. percebendo-se assim as máscaras da perdição e mentiras que caminham a humanidade.. tenho observado nas noites.. minhas próprias máscaras.. tenho seguido viagem no passado tentando acertar o futuro (hoje) e procurando lapidar meus passos silenciosos de forma a sair desse abismo, entre esses vales sombrios que por vezes me tornam um personagem alegre que representa eu mesmo..
O desprendimento total.. absoluto.. e completo das mentiras humanas.. o não esperar nada das pessoas.. sem sentimento de revolta, quem me dera, quem me dera.. apenas não esperar, e de forma totalmente normal, sem brilho saber o que pode vir de muitas dessas pessoas.. tão comuns.. tão comuns..
Como lápides vivas que transitam por aí, perdidas, sem saber o que fazer e virando madrugadas vivendo sonhos como nesses msns, que nunca realizarão, digo isso em muitos casos.. porque eu aprendí que amor virtual, namoro virtual.. tem dia e hora para acabar o que nunca começou.. porque o que vale é olho no olho, voz.. toque, sentir o cheiro e em uma tarde qualquer rir muito juntos e tomar um sorvete e correr de mãos dadas por uma rua ou praça qualquer falando apenas besteiras e sendo nós mesmos.. sem representarmos.. sem sermos personagens ou vestirmos nossas melhores roupas (máscaras) para impressionar..
Porque quanto mais máscaras colocamos mais mascarados atraímos para nós..
Não.. não condeno minhas experiências.. porque em muitos casos tomei as decisões e paguei o preço disso.. mas é o foco.. muitos ficam para trás..
Mas mesmo no vazio da alma.. os sentimentos mais nobres foram preservados.. o que não é mais permissível é a mediocridade humana.. o egoísmo e a falta de lealdade.. mas à cada um sua própria história ou sua própria dor.
Ah.. a dor.. a melancolia.. a tristeza profunda.. o bem e mal querer..
Como ela por vezes nos faz crescer e nos tornam assim como penas ao vento.. leves.. mas com uma diferença que é a certeza do rumo à tomar..
Brisa.. vento no rosto.. Beira Mar que tentei chegar alí.. sentir as ondas do mar.. sentir o vento.. a brisa.. a criança a correr na praia e a me abraçar.. a linha reta na minha frente.. a melhor concepção da existência de DEUS em ver que não há efeito sem uma causa.. e tudo o que o Homem não possa explicar, devemos parar para pensar em um princípio inteligente..
Hoje aquí estamos .. e amanhã ? Em que ano estamos ? A história de Roma antiga, ela existiu.. como hoje seremos o passado para milênios à frente.. se o globo terrestre suportar..
Uma galáxia com mais de 180 bilhões de estrelas.. se não me engano.. que mecanismo é esse.. que sentimentos são esses que tocam o coração do Homem.. sendo que por vezes vejo o totalmente oposto no sentido da maldade humana e a não preocupação em causar dores no outro ser..
Egoísmos soltos.. pessoas desesperadas em encontrar um parceiro ou parceira.. outras vivendo uma trama que só os envolverão em dores..
Ví reis, com o poder de dar volta no globo terrestre, definharem em minhas mãos com um câncer comendo sua carne.. (não precisa ler) a realidade pode ser dispersa pela ilusão do Homem..
Outros que chegam tristes.. rancorosos e após o primeiro drinque começam a rir.. se soltar e como se um baile de máscaras alí começasse.. tornam-se pessoas agradáveis, mas sem base após passar o sintoma da bebida.. voltam a ser lápides ambulantes.. sem base..
Por isso hoje não bebo nem socialmente, pois no meu caso, prefiro viver lúcido e sentir a punhalada no estômago com muito mais intensidade sem sedativos.. porque assim conhecendo como ela dói.. eu possa assim.. criar minhas defesas blindando meu espírito quando em um baile de máscaras eu tiver que atravessar em passos silenciosos.. sem ofuscamento.. e sem enganações..
Enfim.. que seja...
Tomiello

Nota: Tenho amigos queridos que bebem socialmente sua cerveja.. e não usam máscaras.. essa é uma observação pessoal para uma grande maioria de casos.. eu mesmo.. na minha bebida social, eu pensava que minhas melancolias internas seriam amenizadas. . pensava.. mas hoje consigo compreender verdadeiramente como dominar a melancolia.. como trancá-la como um bicho de 7 cabeças em um poço profundo longe de mim.

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