domingo, 19 de outubro de 2008

O paraglide e eu



Quando senti meu corpo solto no ar. Senti o vento bater no meu rosto. Como um bebê em meus braços. Senti a força da vida e a capacidade infinita em amar. E sentir o universo. Senti a força da estabilidade da física, meu corpo solto, sem destino. Sem rumo. Sem um ponto certo para pousar. Senti assim meus deuses e meus demônios internos tornaram-se apenas resquícios de algo. Sendo que a sensação sublime desses universos paralelos. O céu. A terra. O mar.. O ar. O vento. A natureza. O Homem. Lembrei-me de quando ainda menino. Nas esperanças e temperanças. E na satisfação que eu tinha já aos sete anos em existir. Interagir com o universo ao meu redor e descobrir que poderia superar meus próprios limites. Enfrentar tais dragões. Por vezes misturar-me à multidão de forma a resguardar minha própria segurança dos fantasmas meus. Noites dias e tardes. Tenho observado assim as diversas nuances dos medos, das inseguranças de muitos. São assim. Amiúdes. São assim. Uma linha entre a dor e o amor. Vi sorrisos. vi sonhos. E morri e vivi por eles. Notei rostos que amei. Vozes que me tocavam o coração pelo simples toque das notas ao ar. Ao invisível. Aos meus ouvidos. Senti a capacidade infinita avançar rumo a esse embate. Esse posicionamento, essa escolha dos caminhos. A certeza dos passos e para onde devo seguir. Permitiu-me abraços e também despedidas. Poderia eu voltar atrás. Mas não mais poderia meu corpo já estava solto no céu azul.

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