Um lapso.. um passo.. uma matéria solta..

A tarde ficou para trás..
Parei na passarela e ví o prédio imponente.. uma simbologia do capitalismo..
A mala lotada..
Os sonhos turbilhando na cabeça..
No check-in, o tim tom de aviso dos vôos..
A voz lapidada e perfeita seguida de um inglês límpido..
O avião imponente.. aguardando-me o embarque..
Com lágrimas nos olhos do espírito, com medo e esperança de uma vida melhor..
Em minutos observava pela janela as esquinas que passei..
Pequenas de tão elas..
Alguns minutos depois observava o céu tão azul..
As nuvens..
O que seria de mim..
Não sei..
Meus pensamentos tão vivos.. tão sós..
Os sorrisos que deixei para trás.. aquilo me permitia a dor do encontro com as despedidas..
Apenas com os carinhos da turbina e as asas possantes que me conduziam por mim mesmo..
Entre os meus afins.. e nos meus horizontes..
No mergulho seu.. sentí a ausência tua.. nas mentiras desvalidas do teu ser..
Nas meras expectativas dos universos paralelos entre o real e o irreal..
Teu irreal sou eu..
O vento.. a revista que lí.. à bordo..
O suco.. que não tomei..
As pessoas que ví..
O solo que pisei.. o ar que respirei.. o mundo que conhecí..
As ruas que seguí.. como um ser totalmente fora de seu mundo..
Um estrangeiro.. um imigrante um itinerante.. um louco qualquer, um poeta, um comum, um rico, um pobre, um perdido ou um homem em busca de sí mesmo..
Entre só.. nos passos meus..
Saí pelos horizontes..
Seguí.. e você lá estava..
Na minha frente..
O céu de tão lindo.. o mar, há o mar..
Ví crianças nas ruas..
Ví uma linha paralela separando os desvalidos da sorte humana (?)
Deixei o pensamento de lado.. e apenas deixei fluir o sentimento mais nobre..
Pois seria a paixão morando na filosofia (?)
Parece que tive um encontro marcado..
Reticente.. como um susto.. saindo de uma rua qualquer.. notei na minha frente .. fora de mim..
Ví.. a Bahia de Todos os Santos.. na minha frente..
Parecia que nasceram asas em mim...
Sai pelas ruas.. sem medo.. sem receios.. sentei nas calcadas e enquanto havia espaço e corpo.. sentei-me com as crianças de rua.. e comemos em pleno Farol da Barra, "hot dogs", e notei que a própria situação te protege.. ou seja.. eu conseguí ver naquelas crianças abandonadas.. ternura quando com ternura são tratadas..
Acredito que de tão alegre que eu estava.. ria sozinho.. mesmo que triste por tudo o que mexia com meu coração..
Seguí e comecei a andar.. e andei.. andei.. conhecí pessoas..
Depois com conhecidos estive nas periferias.. fui conhecer de perto.. as linhas..
E sinceramente.. a vida passa rápido.. estamos aquí de passagem..
Uma jornada..
Um segundo no relógio do universo..
Somos o que fazemos.. o que exemplificamos..
Enfim..

Obs.: Pense na fera que irá lhe devorar (não permita ou permita.. melancolia.. sei lá ?) Mude sua vida, até o que não tem solução já está resolvido, por vezes com pedaços da vida.. com a dura.. semente.. quebre os pensamentos que não lhe condizem com suas esperanças.. mude.. mude de rumo.. mude de ar.. não temas.. enfrente.. enfrente-se.. aflição e coragem.. afastado da terra.. não pense na fera que o começa a devorar.. não permita.. não permita.. os anos irão se passar.. mas tenha a certeza.. que teremos novamente as esperanças nos olhos.. e a ternura de um cantador..