Esqueçam-me. E assim dos meus mais solitários anseios. Percebo com maior detalhamento tudo aquilo que nunca percebi. Consigo assim fazer com que meus ouvidos possam desenvolver a capacidade absoluta da surdez necessária na transformação da espécie que se vê em grande necessidade de nada mais ouvir. E das palavras que jogamos ao vento. Em sepulcros caiados, deixamos então apenas algumas monossílabas. Como grunhidos de outrora dos selvagens que éramos, mas insistimos em voltar a ser. Em novas roupagens das vaidades hipócritas das farsas do ser. Aprender a falar por vezes tem sido um atributo não tão positivo. Começamos a andar com as duas pernas. E começamos a enxergar o mundo acima de um metro do chão. Somos reis. Da monossílaba nos tornamos falantes. Fizemos circo. Aprendemos. Trocamos outrora o tacape por vilipêndios. Aprendemos com as cobras a literalmente usar o veneno mortal da palavra mal utilizada. Ou em nosso conceito moral muito bem utilizada. Pois o que é a moral para uns. O que é verdade para uns não o é para outros. Que caçam e disfarçados, adestrados que estão, seguem nos disfarces despistando a própria hipocrisia e subestimando toda a tribo. Esqueçam-me. Deixem-me em paz nos meus sofrimentos pessoais, quando aprendi a ler. E comecei assim. A entender o que realmente estou fazendo no meio desse circo. Quero ser selvagem novamente. Desaprender a falar. Pensar. Compreender e sentir e voltar a pintar bisões no teto das cavernas. Fingir que não vi tanta crueldade, seja no campo social, político e nas comédias da vida privada que de comédia não tivemos motivos para sorrir. Sendo que a desagregação e a inversão dos valores tem sido tamanha. A crítica sem sentido. A valorização do que se é invalorizável (sic). O preconceito predatório. O roubo descarado nas instituições políticas e não políticas. Como lobos esfomeados matando e morrendo por um pedaço de verba. De costas para sociedade e na briga oculta de interesses sujos. E fico pensando que cometas são esses que não explodiram tudo isso aqui ainda. Talvez se recomeçássemos novamente nas cavernas se sobrevivessem alguns. Faríamos tudo de novo?
Sim. Porque a selvageria está dentro do homem. Do velho e bom homem.
Tom Capella.
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