"A revolta nasce do espetáculo da desrazão diante de uma condição injusta e incompreensível".
Albert Camus
Por vezes sentimo-nos estrangeiros em um mundo tão cheio de balbúrdias e uma forte sensação no ar de que algo ruim possa estar para acontecer. Mas não é propriamente isso.
É apenas a emanação compenetrada dos pensamentos mais sórdidos da grande metáfora (sim metáfora) que está se transformando os dias comuns em relação a macedônia (mistura) pessoal de cada ser perante seus próprios devaneios, que de tolos ou não são meros passageiros de uma turbulenta vida de isopor. Ou de segunda. Ou uma vida mal vivida e mal sentida.
Uma segunda via das coisas. Dessas coisas do homem moderno que se resvala sempre nas suas próprias penúrias pessoais. São talvez ilhas que se postam em semáforos em silêncios profundos a observar talvez um vulto que possa aproximar-se no vidro do carro ou notadamente a observar os pedestres que passam de um lado para outro. Anônimos.
Tão anônimos que nos causam por vezes um certo medo vilipendiado por nossa solidão. E nesse vasto universo, temos que por vezes nos compenetrar para que não caiamos nas malhas objetivas ou subjetivas dos riscos que poderão ou não advir de algum lugar e nos ceifar a própria sorte.
Mas deles também há a curiosidade anônima se do outro lado do vidro existe também ali um olhar compenetrado e vilipendiador.
A vida tem tornado-se sobre certa visão, uma grande confusão na desordem das coisas e na desvalorização de conquistas que se levaram anos para construir. Um processo retrógrado.
Temos que seguir a viagem que nos permitirá viver ou enxergar, através dos diversos personagens que conhecemos todos os dias.
E no decorrer de nossas fases, como vagões de experiências diversas que seguem por novas paisagens deixando para trás velhas e antigas cidades que podem por vezes assim deixar marcas em nossas almas de lembranças boas ou não.
Mas nesse vento preciso dos vagões em sua velocidade (tempo) vamos seguindo em frente. Permitindo-nos novas cores. Novos ares e também o encontro com novos personagens. Fora os que já fomos ou vivemos. Ou ainda viveremos. Mas não torne ao saudosismo. Não ao que te subestima.
Ao que te faz renascer a esperança ou nas lembranças serenas tuas lhe torne mais humano.
De ilhas solitárias, por vezes tentamos observar ao longe das metrópoles humanas e tão desumanas por vezes em redutos que só possamos sair quando das necessidades de alimentação que não da alma.
Mas do que busca os selvagens em sua necessidade de existência.
Não somente vivemos do pão.
Mas precisamos desse pão. Nesse labirinto de incertezas que tem se tornado a existência em relação não somente a sobrevivência seja sobre as novas pragas, doenças, vírus, criminalidade, relações desgastadas e falsas, sobrevivência intelectual, cultural, dos adventos da natureza que desgastada não mais suporta os desafios do homem, devolvendo um grito voraz como o de um leão que ruge para o agressor.
São tantas coisas, que por vezes esquecemos que acima de nós temos ainda as estrelas. Que de tão belas, ainda nos permitem o livre olhar.
Sem cobranças. Sem exigências. Bastando apenas que nós em nossa vida secundária, passageira e materialista, as observemos com o que de mais natural temos em relação as fantasias, que são nossos olhos.
E nossos olhos são por vezes as verdadeiras pontes que nos levam até nossa alma.
No que temos de melhor.
Tom Capella.
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