Nunca somos os mesmos. Nem queremos. Por vezes somos eles. Nem queremos. Quando somos aqueles que queremos. Somos apenas serenos. Pequenos. Somos os outros. Quando não podemos. Seremos. Somos então aqueles que não queremos. Somos apenas o outro lado do que não somos. Nem tentamos ser. Nem tentamos. Nem percebemos.
E nesse jogo de palavras tento nem ser. Nessas frases percebo então o que não quero perceber. Que é o desejo de tentar perceber. Desses segredos desvelados. Revelados. Velados. Sentidos. Ouvidos. Percebidos. Não poderia ser uma língua menor. No maior. No lado de lá. Nem falante. Nem ouvinte. Nem silêncio. Nem paz. Nem dor. Nem nada.
No colchão frio. Um rato do lado. A fome sem fome. Sem pensar. São apenas sentidos. Refletidos. Na poeira. Sujeira. No chão. Sinédrios. No botão. Escuridão. O livro antigo.O fósforo caído. O palito. A vela quebrada. A página virada. A frase amarelada. A traça morta. A palavra escrita. Uma cápsula abstrata. O retorno das ideias. A recomposição da alma.
O esforço. A caixa do lado. O peso do corpo. O joelho aberto. O jogo da vida. O peso morto. O rastejo até a porta. A dor calada. O corredor escuro. Sujo. O pó. O rosto marcado. As mãos que insistem. A porta. o cabo de vassoura. A porta aberta. O sol. O dia. A vida que queremos ter.
Somos apenas um número. Uma estatística. Consumistas. Sementes. Gado.
Se me alimentam. Faço descaso. Sou adestrado. Marcado. Sou um povo feliz.
Tom Capella.
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