Se existem normais em tantas multidões de loucos disfarçados de lúcidos. Tão loucos que acreditam serem normais. Apenas tijolos amontoados com nome e endereço.Outros apenas comem, por vezes dormem. Outros nem comem. Preparados. Assexuados. Selvagens apenas preparados. E assim seguem os circos. O pão, o vinho. O palco. De feras que nos tornamos por vezes. Amenos. Serenos que somos. Alimentados. Pacíficos. Alguns perdidos na madrugada procurando estrelas que não existem em seus campeios pessoais.A campa tudo enxerga. Ela co-existe com teus resquícios.
São assim nos corações das trevas. Onde a pobreza impera. O desprezo exerce o mais alto e soberbo poder. Eles tentam ter sonhos. Mas talvez como Macabéa (personagem de Clarice Lispector de A Hora da Estrela), nem sabem que existem. O bem e o mal misturam-se.Onde crianças abandonadas nos perímetros do próprio destino, tornam-se assim filhos do ódio.
Outros tão perdidos nas madrugadas procuram assim viver seus contos de fadas. Esses que sempre os levarão as suas próprias misérias. Outros na Assembléia de Patrícios, vivem sua própria Sodoma e Gomorra. Nos faróis o sangue escoa nos ralos da hipocrisia social. Corredores frios e nos noturnos abandonados pela incapacidade social. Velhos miseráveis abandonados à própria sorte. Crianças sem o direito à educação e ao menos a dignidade em um dia poderem ser algo melhor. Mas são assim. Nos MSNs, nos Orkuts onde alguns incautos procuram os próprios sonhos. Fantasmas ambulantes.
Câncer e metástase que espalham por onde há esperança a mentira e a falsidade da farsa dos sentimentos que apenas resvalam-se em uma noite ou tarde de hotel. Para a busca dos prazeres que lhes abasteçam apenas os sentimentos mais selvagens. Sem assim criarem vínculos verdadeiros no sentir, no ser, no toque ao semblante e no amor ao próximo, daquele próximo que lhe ouve e lhe dedica por vezes a atenção daquele que ainda tem o brilho nos olhos.
Morro eu. Morro eu mil vezes. Morro eu eternamente por aqueles que ainda tem brilho nos olhos.
Sinto por esses que perdidos acabam assim como doentes da alma. Secos. Mas não tão dignos de pena porque permeiam entre o próprio egoísmo disfarçado por um olhar de beleza e candura, em um âmago nefasto de trevas e sujeiras.
Mas esses que seguem nos cruzamentos e tentam assim fazer dali um circo (e isso me dóe), em sua pureza estragada pela farsa social. Do egoísmo e da destruição das massas. Onde muitos intelectuais em seus redutos de vaidade, escondem-se em seus belos apartamentos ou casas, em sofás que lembram os tapetes persas mais confortáveis, ostentam superioridade sobre a massa pobre e ignorante que nem se quer teve uma chance em dizer amém.
E assim nesse mesclo. Nessa mistura de tanta coisa e coisa nenhuma. Sentimo-nos ludibriados. Como com ferro marcado.
Ferro marcado de dor.
Tom Capella.
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