segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Legião

 

Nesse por do sol, que insiste em permitir-me novamente a esperança.

Mesmo com as portas emerticamente fechadas, as janelas trancadas, ele me tolhe a alma, através das frestas da sensibilidade.

Por vezes repenso os tais momentos da existência sendo que a lucidez não mais permite espaço para nada acima desse algo tão normal, nessa anormalidade de fragmentos de cores e sonhos, sons, vozes, retratos preto e branco ou coloridos nos painéis da vida.

O que busco nem eu sei. Talvez seja o tal estado de graça. Um sopro talvez. Um acalento. Um carinho das coisas, um olhar, um toque de sinceridade, um soar das coisas.

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Por vezes quedei-me, como um titã ferido desferido com sangue no asfalto tentei através dos joelhos erguer-me e não consegui.

Caí de costas sobre esse sangue tão vermelho como poderiam ser meus sonhos.

Senti por vezes a chibata do pelô. Senti os gemidos dos que sofrem. Senti os pregos da crucificação e a humilhação dos zombeteiros.

Senti minhas mãos agitadas como que com palavras de ira nos dedos, levantar-se e em meio ao turbilhão de sentimento de justiça, me fiz fera.

E das minhas feras eu grunhi. Eu gritei. Eu fiz gira.

Do meu sangue eu apenas senti como orvalhos, gotas de suor.

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Fiz-me então de guardião. Tornei-me assim um misto de rosa e espinho, dor e amor. Solidão e multidão. Alegria e tristeza.

Misericórdia e impiedade.

Construí castelos, armas, fortes e segui com meus exércitos e não mais permiti-me ser humilhado.

Reverenciei os humildes!

Olhando-me no espelho, não vi mais meu rosto. Não senti semblante de sofrimento, alegria ou sensibilidade. Um vazio. Nada havia ali.

Pois meu nome agora é legião!

Tom Capella

Soldado_by_Neoelfeo

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