Existem coisas inexplicáveis que nos acontecem. Tem dia que bate um vento num lugar que não venta, o respiro das ventas sai mais suave e assim sentimo-nos mais leves. Esse vento é o vento das esperanças, do mistério e da luz de Deus em nossas vidas. Tem dia que a gente tem mais vontade de viver. Nossos ouvidos ficam mais sensíveis para ouvir o que toca o coração. Nossa tolerância fica como uma rosa em uma mesa. No tocante suave do que nos permitimos viver. Abraçar. Amar as pessoas. Cantarolar sozinho e sentir assim a liberdade mais plena do espírito.
É quando nossa esperança se reascende.
Um dia notei uma pessoa que me disse que tem fé. Eu fiquei observando-a e lembrei da época em que acreditava em clima de natal. Acreditava no ser humano. Na recuperação e regeneração do ser. Observei no fundos dos olhos dessa pessoa para ver se ela tinha fé mesmo e pasme. Tinha.
Foi quando naquele dia eu descobrí que havia tornado-me um homem “sem fé”. Mas guardei aquele segredo só comigo.
Fiquei dias pensando. Como ter fé? Onde estava minha fé? Onde a perdí. Onde a deixei cair se é que caiu em algum lugar, calçada.
Andei em bares. Virei noites nas madrugadas. Perdí-me em guetos soturnos. Em depressões. Melancolias que me tiravam todos os dias um pedaço de mim.
Conheci pessoas. Percorrí os becos e deparei-me com deuses e demônios (meus), com o bezerro de ouro que me habitava a alma.
Mas não poderia ninguém saber daquele “segredo” que descobrí quando notei nos olhos esperançosos daquela pessoa o que éra verdadeiramente a “fé”.
Descobrí que meus rótulos enganavam uns incautos. Que a vaidade profunda me habitava alma que o orgulho éra minha sombra.
Que a verdade éra a minha verdade. Que pensava ser bom porque distribuía de madrugadas sopas aos mendigos. Mas meu ser. Meu status. Minhas honras. Meus diplomas. Minha soberania sobre meus atos éra a minha derradeira queda.
E que quando as pessoas falavam nem as ouvia porque o orgulho me tampava os ouvidos.
Não. Espere!! Não levantei bandeiras de religiões alguma.
Mas levantei a bandeira pessoal de minhas transformações pautadas em quem mais admirei e admiro até hoje: – Jesus de Nazaré, que prefiro chamar com respeito de “O Nazareno”.
A vaidade, o dinheiro, o poder, já existiam antes de nascermos.
Um homem sem fé. Ninguém poderia saber daquela verdade que guardei comigo. O menino de ontem que acreditava em papai noel.
Que tinha medo de tudo e de todos quando adolescente, tinha tornado-se mais uma lápide ambulante e achava que a defesa maior éra o ataque e a violência das palavras.
Depois de anos a procura da fé. Encontrei-me com ela. Quando estava caído envolto em sangue em uma noite infernal de violência e abrí os olhos e deparei-me comigo mesmo no campo pessoal do fórum de minha consciência. Não poderia estar vivo ali. Não éra possível aquilo.
Alí morreu o Tomfort e nasceu o Tom Capella e descobrí o que é verdadeiramente a fé.
A fé é o que te mantém vivo pela eternidade e te aproxima do que pasme hoje as pessoas materialistas não admitem: Deus.
E Deus é a nossa transformação gradativa. Nossa regeneração enquanto seres humanos e nossas responsabilidades perante a coletividade. Porque vaidade boa é vaidade que enaltece sim a humildade e humildade é deveras uma virtude que agora também procuro um dia conhecer.
E não tenho medo ou vergonha de dizer.
Eu acredito em Deus.
Eu acredito na fé. Eu renunciei as vaidades do mundo, mas aprendo diariamente a interagir com esse mundo e sobreviver mantendo-me longe do que poderia corroer-me novamente nos guetos mais profundos do ceticismo e dos resquícios do pó.
As vezes ganhar é perder. E perder é ganhar. Somente quando estivermos libertos de tanta mediocridade e preconceitos e descermos de nosso palco pessoal dessas vaidades vazias é que compreenderemos a hora de agir. No bem e para o bem.
O resto passa. Até uva passa, passa.
Tom Capella.
Em tempo: Não desista de você! Eu não desistí de mim. E se você não tem “fé”, eu terei por você.
Se teus olhos não tem mais brilho, os meus continuarão a brilhar por você.
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