quarta-feira, 29 de julho de 2009

No jugo

 

O homem procura mudar as outras pessoas de forma que pensem como ele, que tenham as mesmas crenças que ele, de forma que possa elevá-lo (o outro) ao seu patamar (que ele acredita), em estar acima dos que não pensam como ele.

Quantas pessoas por vezes quer ou gostaria o homem em mudar, transformar que lhe convivem a vida. Quanto se fez para a mudança de si mesmo em relação ao que não lhe agrada que está em você e que poderia assim limitar-te as tuas metas, tuas conquistas e a realização pessoal de muitos anseios.

cenario_interno_by_Marcelo_Samambaia

Sempre trabalhamos em algo que imaginamos, em algo que por vezes está longe de nosso alcance mas que buscamos.

O homem na maioria das vezes busca de forma incansável (e insaciável) o que por vezes está inatingível, não considerando as conquistas presentes e o que está  seu redor, no sentido de fortalecer esse círculo de forma que possa assim buscar o verdadeiro bem estar.

Por vezes está no presente, mas vive com a mente no futuro e muda de foco várias vezes ou desvia-se das próprias buscas de acordo com os coloridos que se defronta no caminho (ilude-se) por meio das paisagens que nem sempre são no âmago das coisas o que demonstram ser.

Mas não são. E se não são, manterão de forma mais inatingíveis ainda o que o homem busca.

Seus anseios. Suas esperanças. O que espera dos outros. O que decepciona com os outros por não corresponderem as suas expectativas. E aos que ele decepciona.

Essa não valorização do que se tem, sempre na busca do outro lado do limite das coisas atuais, presentes por vezes lhe traz o vazio mais profundo que lhe acompanha, mesmo que tenha conquistado em termos materiais tudo ou praticamente tudo que o dinheiro possa comprar.

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Se auto-denomina inatingível, acima de tudo sobre quem está a seu redor como se estivesse permeado por algo superior, divino em sua mortalidade material.

Em outros momentos perde a sensibilidade em relação aos problemas alheios vivendo em uma redoma de vaidade e poder pessoal.

Sem ter a coação, sem ser acuado pelo crivo da própria sobrevivência, desenvolve uma personalidade contestadora, arrogante e superior, mas resvala-se na deteriorização gradativa do próprio corpo em si, que lhe carrega  a vida mas que o limita e o conduz aos mesmos problemas da orbe que o cerca por vezes e que se demonstra ser diferente em relação a sua superioridade do poder.

Quando dependemos única e exclusivamente de um dos pontos dessa orbe, de uma célula individual na figura por vezes de um enfermeiro ou enfermeira, em tudo o que o dinheiro possa comprar, notam-se então o quanto é finito o poder e que por vezes não compra-lhe a paz, permanecendo ele sempre um ser incompleto.

Esses eternos vazios, essas buscas constantes, a espera pelo reconhecimento, pela gratidão ou por um aperto de mão sincero e verdadeiro, algo tão raro. Quase impossível de acontecer na Era atual do Eu.

Então assim, saem os deuses e os demônios de cada um em um embate pessoal para consigos mesmos, o que lhe conduz por vezes em relacionamentos vazios, envolvimentos com as drogas terrenas, bebidas sem limites e noites de Atenas.

No levante pessoal das próprias irreverências e sem lei, sem limites onde tudo pode e em noites sem fim nas ligas urbanas e metropolitanas dos asfaltos e multidões de zumbis que por vezes possam assim sugarem-se o sangue das insatisfações até a última gota, degradando-se cada vez mais e perdendo-se nos arredores da loucura consciente, inconsciente ou no anonimato da vida.

E mesmo que possas, de tantas tralhas brilhantes, nada levará em seu túmulo além de uma vestimenta e um leve adeus.

Tom Capella

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